maranata – eu confesso que errei

Eu confesso que errei!

Publicado em junho 24, 2012
igreja cristã maranata - eu confesso que errei

igreja cristã maranata – eu confesso que errei – Frederico Fiuza

Um dia na minha história, algo maravilhoso aconteceu. Encontrei a Jesus Cristo e pela primeira vez na minha vida, pude sentir o peso do pecado sendo arrancado de mim. Senti a alegria em seu fulgor e as lágrimas desse momento era a expressão máxima da minha alma para o meu Salvador Jesus.

Sem pestanejar abracei o evangelho e me entreguei a Cristo. Creio que todos que encontraram a Jesus viveram algo semelhante talvez até mais intenso que isso. Porém não estou aqui para relatar esse grande início, estou aqui para falar como perdi o foco em Jesus durante um período, e deixo claro que a culpa foi única e exclusivamente minha!

Eu vinha do chamado “mundo”, com a alma dilacerada e extremamente faminta! Jesus me via morto nos meus pecados e me chamou para a sua Luz, o chamado foi irresistível e me entreguei ao meu Salvador. Porém, como já mencionei acima, houve um período no qual perdi meu foco em Jesus e voltei o foco para a denominação.

Meu primeiro grande erro foi abster-me da minha consciência me tornando assim alguém facilmente manipulável. Aceitava tudo o que me era ensinado sem questionar, afinal na minha mente prevalecia que todos os homens da denominação eram íntregos, principalmente os líderes da mesma, e só queriam o meu bem. Com essa brecha aberta, os conceitos mais absurdos foram paulatinamente sendo implantados em minha mente por pessoas que eu julgava serem idôneas.

O primeiro conceito que foi ensinado abertamente ou não era que a salvação estava restrita a certo grupo de pessoas da denominação, a igreja fiel que tinha o apelido de “obra”. Com isso passei a considerar todos os demais irmãos, de qualquer outra denominação, como “religiosos” que não possuíam a salvação. Meu ímpeto nesse conceito não ficava apenas no campo da ideologia, eu era um valente dessa “obra” e fazia questão de “evangelizar” os irmãos de outras denominações. Em eventos promovidos pela minha igreja eu tive a audácia de adentrar numa denominação, na qual um grupo estava ensaiando, e os convidar para participar do evento da minha denominação. Quando trabalhava com algum irmão, fazia questão de mostrar que a minha denominação era melhor do que a dele, e sempre que podia tentava desmerecer as denominações alheias. Afinal, engoli a falácia da salvação restrita a esse pequeno grupo chamado de “obra”.

Com o pensamento cauterizado, outros conceitos absurdos foram facilmente incorporados. O pior considero eu, era que a minha salvação dependia de uma série de ritos (revelações), que eu deveria cumprir. Se eu não fosse fiel às revelações provenientes do governo da igreja, eu estaria com minha salvação em risco. Vocês não tem ideia de como se sente alguém que teve a culpa removida por Cristo voltar a sentir culpa novamente. Tudo era motivo para me culpar! Nos dias estipulados pela liderança que eu não conseguia ir orar na igreja as 6:00, eu me sentia péssimo. Eu dizia que aquilo acabava com meu dia e os que escutavam isso, ao invés de aliviar a culpa, diziam que se sentiam assim também, pois foram desobedientes ao Senhor. Tudo era motivo para me sentir culpado! As mensagens pregadas torturavam a minha alma com mais e mais culpa. Quando eu ia orar, sempre me ajoelhava com tristeza, pois, pensava eu estar desapontando a Deus, pensava estar causando a ira de Deus. As reuniões com os obreiros (salva raras exceções com um pastor específico que prefiro não identificar) eram massacrantes. Reuníamos-nos para ouvir que estávamos mais errados e que Deus não nos abençoaria enquanto não voltássemos a ser obediente em tudo o que Deus supostamente revelava a esses líderes. Era um ciclo sem fim, vivia me esforçando para não falhar em nada, pois não queria voltar para a garra do diabo e muito menos aborrecer a Deus com minha “desobediência”. De maneira magistral, foi ensinado que quem rompesse com tudo era um caído, e fui fortemente desencorajado a quiçá cumprimentar a esses. Além disso, todos que deixavam ou questionavam esse modelo seriam acometidos de tudo quanto é maldição.

Além disso, aprendi que tudo lá era santo, menos eu! Por mais que me esforçasse, jamais seria santo. Porém o altar era santo, as flores do altar eram santas, o chão era santo, tudo naquele espaço físico era santo, menos eu. Os instrumentos musicais eram “consagrados”, os bancos, as portas, tudo menos eu. Santificação das coisas, dos ritos e do lugar. Reverenciava todas essas coisas “santas”, não ousava tocar nas flores do púlpito, não emprestava o instrumento a ninguém que não fosse da igreja, pois ele era consagrado! Se não bastasse, a bíblia era para mim apenas um mero livro que carecia da “revelação” dada pelos meus líderes. Sendo assim, não interessava o que a bíblia dizia, mas sim o que era interpretado/revelado pela liderança.

Com tudo isso, me tornei um perfeito servo, não de Deus, mas da minha denominação. Comecei a cumprir tudo o que me mandavam e com isso o meu ego foi sendo alimentado e com o ego superinflado me tornei um soberbo! Não importava o que me diziam, sempre eu estava com a razão. Comparava a minha espiritualidade com os demais e sempre me sentia por cima. Só que essa espiritualidade não tinha nada de espiritual, era apenas uma comparação de quem tinha cumprido mais o que haviam mandado, e por tempos eu fui muito bom nisso. Aprendi a pregar os mesmos conceitos que me foram ensinados, e eu era bom nisso! Aprendi a evangelizar de forma errada, essa evangelização consistia em tentar argumentar que minha denominação é a fiel e era melhor do que as outras, e evangelizava dizendo o que minha igreja era privilegiada, pois cumpria tudo o que Deus mandava, e mais uma vez eu era bom nisso.

Sentia muito orgulho quando na rua alguém do mesmo lugar me via vestido de acordo com o uso e costume que era passado na maior hipocrisia. Dizia-se que não pregavam, mas cobrava-se e eu não queria ser tido como desarrumado. O pior era a hipocrisia quando eu dizia para os demais que a dita “obra” não era apenas na minha denominação, eu poderia até dizer, mas no meu interior eu não acreditava e nem fui encorajado a acreditar que havia operação de Deus em outro lugar. Tornei-me um perfeito formatado e manipulável.

Porém, mesmo depois disso tudo a culpa não me abandonava, e por mais que eu me esforçasse continuava a me sentir super culpado quando falhava em algo. Algo tentava abafar Cristo em minha vida, algo que me fazia sentir culpado e por fim descobri o que era. Era o farisaísmo que imperava em mim e em grande parte das pessoas da minha denominação, digo grande parte porque sempre notei alguns que nunca foram, e por mais que estivessem ali, viviam o evangelho de Cristo, por Cristo e para Cristo.

Jesus de maneira maravilhosa abriu meus olhos, mas isso foi aos poucos, gradativamente todos os conceitos errados foram caindo por terra, foram dando espaço ao evangelho genuíno e todo o meu farisaísmo foi sendo tragado no poder de Cristo! Quando em meio isso tudo, descobri a Graça de Deus, foi como se eu tivesse me convertido de novo. Quando Jesus me ensinou que meus esforços não me salvariam e que eu apenas deveria confiar a Ele a minha salvação, TODA A CULPA foi removida mais uma vez da minha vida! Numa primeira vez Jesus removeu a culpa do pecado e dessa segunda vez e não menos pior, Jesus removeu a culpa que a religiosidade impôs sobre minha vida! A graça e somente a graça pela fé em Jesus era o alento que minha alma precisava em meio a tanta dor. Mas não foi fácil, e ainda não é fácil romper com tudo, sei que tenho muito, mas muito ainda o que aprender, voltei ao “leitinho” que o Apóstolo Paulo falava, porém agora é diferente, sei que tudo o que tenho que aprender e mudar será Deus que irá fazer e não eu. Deus vai completar em minha vida a obra que Ele começou a fazer sem ser necessário o menor esforço meu. Deus iniciou, Ele que conduz, e será Ele que irá concluir, eu aprendi que sou apenas o expectador mais interessado naquilo que Deus está fazendo e irá fazer em mim.

Já aprendi que a Graça por meio da fé é a única condição para a salvação, não sendo necessário que eu cumpra nenhuma revelação, ordem ou lei para isso! Aprendi que o corpo de Cristo são todos os salvos do Senhor, aprendi que a santidade está nas pessoas e não nas coisas, de forma que, aonde quer que eu vá, devido ao Espírito Santo que habita em mim, o local será santo não pelo local em si, mas pelo o Espírito Santo que está em mim, seja o púlpito, minha casa, a sala do cinema, o estádio de futebol para assistir o Fluzão, seja aonde eu for, o local será santificado por conta do Espírito Santo que mora em mim. Aprendi que tenho amigos que não são convertidos (ainda), mas não deixam de serem amigos, aprendi a ver os irmãos de outras igrejas como verdadeiros irmãos e como eu amo os meus irmãos! Aprendi que se um irmão padece todo o corpo padece e por isso eu choro quando vejo alguém padecendo, mesmo aqueles que de fato caíram, são ovelhas que precisam de ajudadores e não de julgadores, aprendi que o perdão não carece de justificativa, muito contrário, quando se tenta justificar o erro você não está pedindo perdão, sendo assim o para o perdão necessita-se apenas de confissão, por isso resolvi escrever essa confissão, para pedir perdão a todos os que ofendi com minha soberba e arrogância no tempo em que o farisaísmo imperava em minha vida.

Não me considero perfeito, não mais, muito menos considero melhor do que alguém, não mais. Não quero que ninguém se ofenda com essa confissão, como disse há muitos irmãos verdadeiros onde eu encontrei Jesus e peço que por gentileza, se um dia o fariseu que havia em mim, tentar voltar, me avise para que juntos, com o Senhor, possamos colocar ele no seu devido lugar.